O lugar onde cabem as páginas soltas desta caminhada e todos os passos que esta bailarina vai aprendendo a dar
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2013-11-22

16 de Novembro de 2013

Será sempre lembrado como um sábado solarengo, onde o frio correu na cidade Sadina desde manhã. Onde a ansiedade se apoderou de mim, pela responsabilidade que iria tomar. Onde me saberia sozinha, apesar de, esperava eu, contar com o meu padrinho, contigo, com o amor da minha vida, para me empurrar pela última vez.

Estava um sol agradável, sim! O coração tentava ficar calmo porque depois de alguma luta, consegui que aceitassem que o meu padrinho fosse quem eu queria. Mas a sensação de estar sozinha, sem família, num dia que para mim era tão importante, deitava-me por terra. Balançava-me. Deixou-me sensível.

Não desisti! Tentei esquecer todos os que faltavam e segui o dia como se fosse tudo normal. Pequeno almoço sozinha, arranjar o cabelo sozinha - tirei fotos para ver como estava, comprar uma graxa brilhante para que as botas ficassem a brilhar e almoço sozinha. Tanto silêncio e a vontade de falar, de partilhar, de mudar de assunto. Aquele silêncio tão ensurdecedor... até ouvia o bater do coração, o ritmo acelerado da frequência cardíaca e respiratória, os suspiros que dava e que me demonstravam ansiedade.

Chegada à EOE, disse-lhe: olha consegui, vais colocar-me a boina. Uma expressão algo fria, muito inesperada, deixou-me à alerta... mas não o suficiente. Devia ter perguntado algo ali. Não queres? Queres colocar ao B.? Por mim... O dia não devia ter sido pior.

Chegada à Praça e começa a luta... entre a grande emoção da cerimónia, que é Linda, a confusão de não ver ninguém meu, o ver pessoas contigo... que me levavam a querer fugir... as promessas não cumpridas e de repente o ter-te à frente, o olhar nos olhos e saber que nunca mais seria assim ... aiiiiiiiiiiiiii.... as pernas tremeram, tremeram tanto! Que deixei de saber o que tinha de fazer. Boina? Boné? Insígnias? Pedi tanto à minha avó para me vir abraçar... mas ela está tão longe... mais que qualquer uma das pessoas que supostamente me ama. Mais à frente numa outra fase da cerimónia, deste-me um abraço... para quê? Tens muito orgulho em ter-me colocado a boina, sussurraste... dasse. Estás a gozar com a minha cara?!

Ora muito bem... p'ra merda mais a idiota que acreditou e que acredita na bondade do mundo. Como posso, depois de tudo nesta vida, acreditar e confiar em algum homem? Em alguém? Juro que não sei! Não me acho boazinha, uma querida, mas uma perfeita idiota que não aprendeu com os erros! O ser humano é das coisas mais falsas que existe. Utiliza os outros para seu benefício e quando não pode tirar mais nada dele ou quando surge algo melhor, muda de poiso. O bicho Homem é assim! Os homens, mulheres... esses interesseiros, que se acham tantas vezes perfeitos, santos, lutadores, subjugados,.... julgam que podem magoar outras pessoas, porque serão perdoados, porque não podem magoar uma terceira pessoa. É nestes momentos que entendo porque adoro os animais... eles são capazes de amar de forma incondicional, desinteressada. Amam e pronto! E não amam hoje e amam já não! Não substituem! Depois somos nós os racionais, aqueles que supostamente são os pensantes... eles apenas agem com o instinto, dizem. O amor é instinto? E o magoar alguém já não?

Não me acho perfeita, longe disso! Até porque não sei lidar com a derrota, o abandono ou a incerteza. Não sei lidar com gente que não tem coragem de se assumir. Seja qual for! Assumir para mim, que luto pela minha independência, é um ato do ser adulto. Assumir que se partiu um prato, que se dormiu com alguém, que se ama alguém, que não se ama, que se mudou de opinião, que se é fraco, que se quer mudar, que não se é capaz, que se precisa de ajuda, que não se é feliz! Assumir, é o primeiro passo para qualquer coisa! Eu assumo que quando estou mal, que me fecho em copas... e acumulo mágoas até rebentar! Depois de explodir, dizendo coisas que não quero, passa-me... acalmo!

Nessa tarde depois de todo o Compromisso de Honra, de ter corrido um mar de lágrimas pela minha cara abaixo, a pessoa que foi o meu pilar, a minha ajuda, a minha força, a razão da minha vida, o meu padrinho... esteve no mesmo espaço físico que eu e simplesmente me ignorou. Não fui embora porque não podia, porque não sou assim, mas a vontade foi tão grande! Antes tratavas-me como uma igual e de um momento para o outro nem me diriges a palavra... Hoje digo: mereço! Mereço pois! Não me respeitei, como posso exigir que o faças.

Nesse noite, não quis sair sem descer ainda mais baixo, mas precisava de rebentar. Tive que pedir satisfações. Merecia eu o que fizeste?! Levar para ali outra pessoa? Dizes que não, mas estavam ali mulheres. Sempre te dei tudo e o teu umbigo superou-se ao meu? Aquele momento não era meu tammbém? Estava sozinha e tu? Como mãe, que tenho a mania que sou, dei-te conselhos que sei que não tomarás, mas a minha consciência assim o ditou. Digamos que o meu coração dizia, que se falhasses naquilo que dizes ter como cruz, que fosse comigo essa falha... mas isso era o que eu desejava... quando se ama alguém nesta vida, na próxima e em todas as outras que virão, será assim ou não?! Mas quem sempre fez isso, sempre o fará! Por mais que eu acreditasse em ti, não posso negar as evidências. Daqui a algum tempo estarás enamorado novamente e como todas as mensagens escondidas que tinhas no blog, mas dizias apagadas, eu serei mais uma na tua história. Uma coisa é certa, esta pessoa foi bastante produtiva para vós em termos monetários. Acredito que todos os homens gostassem de encontrar alguém como eu... Nunca te gastei um tostão! Não é isso que te desejo, mas cuidado que a vida é madrasta e podes vir a encontrar alguém que te vai depenar todo. Que serás tu a pagar tudo, que vai querer lembranças, grandes jantares, que vai tirar cursos e cursinhos e tu é que tens de pagar tudo! Trabalha Mouro... Eu só te queria ver, sentir feliz, sabes?! Calmo, descansado, sem stresses de maior...

O meu Compromisso de Honra, ficou marcado por uma operação de peito aberto, com o objetivo de me deixaram em sangria, depois de a sangue frio serem feitos vários e profundos golpes. Enquanto isso, dou a mim mesma constantes transfusões de sangue, para me manter viva.

Só não sei como irei conseguir arrancar-te do meu peito, nem sei se estou preparada para isso, tal é a forma como me sinto sozinha e ainda ter o desplante de te dizer cara a cara, que te amo!

Não tenho juízo nenhum... Preciso urgentemente de alguém que me dê um par de estalos, mas com muito jeitinho... existe o perigo, se a coisa for forte, de reagir de uma de duas formas: ou abro a torneira e causo uma inundação, ou parto para agressão física com necessidade de recorrerem aos meios de socorro.

Vá estou magoada... e incapaz de reagir seja como for sem ser com lágrimas, digo já!


 

Compromisso de Honra para Membro Associados Ativos
da CVP - DS

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